sexta-feira, 25 de março de 2011

Unip: Apesar de inseguro, comércio ambulante se expande

Por Lara Castelo Branco

A presença de comércio ambulante em frente a universidades é algo normal em Brasília. No estacionamento externo da Unip o cenário não é diferente. Há uma variedade de alimentos comercializados.

As opções vão de um simples bombom ao açaí batido, com banana e xarope de guaraná. E vai além: há hamburgueres, cachorro quente, salgados, yakissoba, galinhada, escondidinho, crepe e até cerveja.

Um destes comerciantes informais é o casal Francisco e Poliane, que hoje tem um lucro médio de R$ 2,5 mil, e atendem, em média, 50 pessoas por noite, a maioria delas no horario das 21h. A dupla começou a vender bombons, chocolate quente e bolos há cinco anos. Depois de um tempo, expandiram o negócio e passaram a vender também hamburgueres, mini pizzas, bebidas e balas.

E, recentemente, começaram a oferecer cachorro quente. Eles afirmam que a fiscalização em frente à faculdade é feita aleatoriamente, e que não há como saber quando vai aparecer. Esta insegurança os deixa com medo, pois é da venda desses alimentos que eles tiram seu próprio sustento.

Há quem diga que este tipo de negócio é uma alternativa ao comércio situado no subsolo da instituição, que é regularizado. São três lanchonetes no interior da faculdade, que possuem um cardápio muito limitado. O atendimento é demorado e a qualidade muitas vezes deixa a desejar.

No comércio ambulante, há opções, mas há dúvidas como ressalta a estudante do 4º semestre de Direito, Nelsa Ribeiro. Ela questiona a procedência dos alimentos, além das condições de higiêne ao serem servidos, sem contar o atendimento. Quanto aos preços, estes são semelhantes aos dos alimentos oferecidos dentro da universidade.

Mulher larga trabalho formal para se tornar ambulante

Por Julliana Rodrigues
Em frente à UNIP existem aproximadamente seis ambulantes quec omercializam alimentos.  Os vendedores não recolhem impostos. A prática é ilegal, mas está lá, ocorre todos os dias em frente ao estacionamento da instituição.
A comerciante Poliane, que não quis dizer o sobrenome, e que atua há cinco anos no local, relata que a fiscalização já proibiu esse tipo de comércio em frente à faculdade. “Neste dia, os policiais confiscaram nossas mercadorias e tivemos que ficar um tempo sem aparecer na faculdade”, comenta.
Mesmo depois da fiscalização, o comércio continuou. Segundo Carolina Nascimento, estudante da UNIP, todo dia que chega à faculdade, lancha nas barraquinhas, pois sai do trabalho e vai direito para a universidade. “Não tenho tempo para ir a outro lugar comer. Aqui, a comida é barata e saborosa”, relata.
Ainda segundo Poliane, a maior movimentação é noturna e no horário do intervalo das aulas. A vendedora diz que tinha carteira assinada e largou o trabalho formal para ser autônoma. “Consigo tirar R$ 2 mil. Vendo cachorro quente, sanduíches, bombons e bolos”, revela.
A ambulante conta que chega ás 17h, durante a semana na UNIP, para começar a montar os equipamentos que será utilizado para os lanches. Durante o dia, ela faz o preparo dos ingredientes e a higienização da chapa e panelas em sua casa. “Deixo tudo preparado, para a noite, esse é o trabalho que escolhi”, conclui.
Poliana começou em 2006, com a venda de bombons e depois de dois anos, ela incluiu mais variedades no cardápio.

Ambulantes preferem comércio noturno por causa do movimento de alunos

Ausência de fiscalização no período noturno na porta das universidades de Brasília faz aumentar comércio irregular

Por Rafael C. Rodrigues

Conceição Marlene, de 43 anos, vende lasanha, empada, escondidinho, bolo com pudim e suco, com preços variáveis entre R$ 1,50 e R$ 3,50. Tudo é servido em pratos descartáveis. A comercialização é feita no estacionamento externo da Universidade Paulista (UNIP) somente no período noturno entre às 19h e 21h30 de segunda à sextas-feiras.

A ambulante afirma que prefere o local para as suas vendas porque o seu filho estuda na universidade, facilitando então a sua volta para casa.

O que é oferecido no lado externo da faculdade é uma alternativa às opções de jantar que são servidas no subsolo da universidade, que conta com uma praça de alimentação ampla.

Conceição oferece variedades em seu cardápio. Ela se junta a outros ambulantes que já ocupavam o espaço há alguns anos. De fato, a movimentação do comércio no local é muito maior no período noturno, se comparado aos outros dois turnos: matutino e vespertino.

Os ambulantes afirmam que "preferem trabalhar à noite não somente porque os alunos são a maioria em relação aos outros períodos, mas também devido à  fiscalização, que em conjunto com a administração de Brasília, é mais atuante no período diurno". Segundo eles, a administração não pode regularizar a venda de seus produtos no local porque a universidade está localizada em área tombada.

No caso de Conceição, ela há três meses, vem solicitando uma autorização para poder trabalhar mais tranquila, e até mesmo chegou a agendar reuniões e encontros com o próprio administrador, sem sucesso.

Ela mora em Samambaia e mexe com esse tipo de comércio há mais de cinco anos. Antes vendia para escolas particulares de Taguatinga, mas somente para professores.

Os clientes de Marlene afirmam que nunca viram outra pessoa vender os mesmos produtos que ela oferece em seu cardápio. Por isso, em apenas 3 semanas no local, já acumula elogios. Um deles vem de Suéllem Siqueira, de 20 anos, que é  estudante da Universidade Paulista.

A aluna disse que, antigamente, jantava no subsolo da universidade todos os dias nos intervalos. Mas que, agora, ao saber pelos amigos sobre o que a comerciante vendia,  prefere as 'famosas' lasanhas dela.

Com o número crescente de clientes que a preferem,  Marlene afirma que, brevemente, disponibilizará uma barraca para a venda de seus produtos. E, assim, facilitará as vendas nos períodos de chuva e dará mais conforto para seus clientes.

Estudante vende lingerie para complementar renda

Por Francisco Stuckert

Cada vez mais pessoas vem recorrendo a novas formas de ampliar sua renda. Para isso muitos vêem no comércio alternativo uma forma de alcançar seus objetivos.

Iolanda Soares Perreira, 39 anos, é uma dessas pessoas. Estudante de enfermagem, cursa o 5º semestre da faculdade UNIP, trabalha como técnica de enfermagem no Hospital das Forças Armadas, mora no Cruzeiro Novo com o marido Cláudio e quatro filhos, todos em idade escolar.O marido dela trabalha erm uma loja de móveis e mesmo os dois trabalhando, ainda precisam complementar a renda para manterem Iolanda na faculdade e os filhos na escola.

Com o objetivo de ganhar este dinheiro extra, Iolanda vende lingerie: "Sempre trabalhei em  dois lugares, só que agora ficou difícil ficar tanto tempo fora de casa, tenho filhos pequenos. Com a venda  de lingerie, consigo uma renda extra e quando estou de folga posso ficar em casa e até mesmo vender peças".

Para comercializar seus produtos, Iolanda leva o catálogo para que suas clientes possam encomendar e, em alguns dias da semana, ela expõe suas peças no porta-malas do carro que fica no estacionamento da faculdade.

Hoje muitas pessoas estão procurando outros meios para complementar sua renda e usam a criatividade para partirem para novas possibilidades de trabalho.

Comércio ambulante divide opiniões

Estacionamento é uma das reclamações

Por: Aleci Dourado

Laura Medeiros, de 57 anos, aposentada, trabalha com uma pequena lanchonete em frente à Universidade Paulista (UNIP).  Ex-aluna da instituição, ela percebeu o quanto esse mercado crescia em frente à faculdade. Trancou suas aulas de fonoaudiologia para poder trabalhar com lanches rápidos e aumentar sua renda.
   
Moradora da cidade de Planaltina – DF, Laura vem de carro diariamente para sua jornada como vendedora.  “Meus clientes são estudantes e funcionários da universidade. Percebo a cada dia que a clientela tem aumentado. É um jogo de quem traz mais gente. Um vem e, amanhã, ele traz mais duas ou três pessoas”, diz Laura.

Com um ambiente limpo a comerciante tem conquistado vários clientes. “Não tenho como reclamar: no final da noite recebo de R$ 80 a R$ 100. No futuro penso em voltar a estudar e colocar alguém no meu lugar para trabalhar. Assim poderei continuar com essa renda”, afirma a ambulante.

Eduardo, estudante de Educação Física, acredita que o comércio informal é bom no sentido de ajudar as pessoas que não tem a oportunidade de ter um trabalho com carteira assinada.
     
Alguns estudantes reclamam que os ambulantes ocupam várias vagas do estacionamento. Os universitários colocam seus carros longe e correm o risco de terem seus veículos furtados. “Por volta das 19h é preciso muito jogo de cintura para achar alguma vaga”, afirma Patícia, estudante de Ciências Contabeis.

Comerciante reconhece irregularidade, mas não quer legalização

Por Suélem Santos

Em frente à Universidade Paulista (UNIP), campus Brasília, é notável a quantidade de comerciantes irregulares no período letivo de aula. Estacionam carros grandes em cima das calçadas, montam tendas, mesas e tamboretes para proporcionar conforto aos seus clientes.

Estudantes reclamam pela falta de vagas no estacionamento, cerca de 2 ou 3 delas são ocupadas pelas lanchonetes fast food. À noite, a situação piora porque a fluxo de veículos é grande, dizem os estudantes.

Flávio* e Marina* são casados e trabalham no ramo há 6 anos. Chegam no ponto deles, diariamente, às 16h30 e só vão embora após às 23h. “É nesse horário que vendemos mais. Em tempo de chuva as vendas caem”, relatam.

O casal não pretende mudar de profissão. Vivem do lucro dos lanches. Antes das férias chegarem, guardam uma reserva para se manterem.
Doces, molhos e pães, são produzidos por eles em casa. Flávio já trabalhou em uma fábrica de doces, aprendeu a fazer bombons e afirma que os recheios de brigadeiro ou os que levam até morango têm mais saída.
“Não pagamos impostos. Conseguir um local regularizado dentro da universidade é muito difícil porque é por QI (quem indica). O aluguel custa cerca de R$ 3 mil por mês, sem contabilizar as outras despesas. É melhor ficar por aqui”, diz Marina.
Laércio Luiz (21), estudante de Design Gráfico, come quase todos os dias na barraquinha. “O dog daqui é sem comparação, supera até o da minha mãe”, garante ele.
Insatisfação
Dentro da faculdade, os comerciantes das lanchonetes não estão nem um pouco satisfeitos com a situação. Dona Ana Maria, de  62 anos, trabalha na UNIP há mais de 30 anos e afirma que o movimento de seu estabelecimento nunca esteve tão fraco e questiona a falta de higiene dos ambulantes, por não terem como lavar as mãos ou utilizarem banheiros.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a fiscalização passa todos os meses apreendendo equipamentos e comidas. Mas essa ação será reforçada.
A universidade informou não aceitar a presença dos ambulantes em frente aos portões, pois eles atrapalham a passagem dos estudantes. Entretanto, se estiverem do outro lado da rua, estão fora da sua alçada, e são tolerados desde que não vendam bebidas alcoólicas.   
*Nomes fictícios a pedido dos entrevistados.

Comércio informal causa prejuízo às lanchonetes da Unip

Por Renata Moreira
O comércio informal em frente à Universidade Paulista (Unip) é um negócio ilícito que agrada a alguns e causa prejuizo a outros. As inúmeras barraquinhas, lotadas, dispostas ao longo do estacionamento é uma imagem corriqueira. Os donos de lanchonete dentro da Unip se sentem lesados pela presença dos ambulantes.
Para os empresários que possuem estabelecimento dentro da instituição, os ambulantes roubam toda a clientela.  Segundo Márcio Castro, gerente administrativo de uma cafeteria, a concorrência é desleal. “Os ambulantes não precisam pagar nenhum tipo de imposto. Enquanto nós, como empresa, pagamos inúmeros impostos, que vai desde o aluguel da loja ao pagamento dos funcionários (eles não têm tais gastos)” afirma.
 Fábio Marcilho Gomes (47) trabalha nesse ramo há mais de trinta anos. Ele acredita que a empresa não é a única prejudicada.  Os estudantes não têm nenhuma segurança quanto ao preparo dos alimentos. A falta de água, por exemplo, é um agravante para uma possível contaminação alimentar.
Os universitários que se alimentam nessas barraquinhas afirmam que o atrativo dessas lanchonetes “alternativas” não está na variação do preço, mas sim no sabor. Patrícia Oliveira (20), estudante de Direito, come todos os dias nessas fast foods e afirma que os lanches são muito bons.
“Há uma variedade de laches muito grande aqui fora. E ainda contamos com salgados quentinhos que acabaram de ser fritos” declara a estudante.

Ambulantes: estratégias para fidelizar estudantes

Por Suellen Siqueira  

Apesar de ampla praça de alimentação no campi de Brasília da Universidade Paulista, onde funcionam três lanchonetes, muitos estudantes optam mesmo é pelo comércio ambulante, localizado nas proximidades da faculdade.

Conceição Marlene de Matos, trabalha há apenas três semanas em frente à  Universidade. Ela vende lasanhas, empadas, escondidinhos e demais pratos, em embalagem  térmica, além de refrigerantes e sucos.

As "marmitinhas" são novidade entre os alunos que procuram variar. Rafael Rodrigues garante que os pratos são excelentes: "As lasanhas são as melhores. São uma ótima opção para nós estudantes, que temos um intervalo curto para lanchar", conta ele. 

Marilene, filha de Conceição é quem prepara tudo. Ela cozinha à tarde e conta com a ajuda da mãe para embalar as quentinhas, que chegam fresquinhas aos clientes. As duas moram em Sobradinho e relatam que atuam no ramo há mais de cinco anos.

Para elas, está valendo a pena as vendas na faculdade, onde demais ambulantes também trabalham e as ajudam: "Acho bonito o pessoal daqui, esses dias chegamos em meio à chuva e vieram nos ajudar a montar a barraca. À noite vendemos bastante e não podemos faltar", afirma.

Comércio diversificado

Além de alimentos é possível encontrar acessórios no local. Lídia Peres trabalha há dois anos e meio vendendo bolsas e carteiras no período noturno. Os preços dos produtos variam entre R$ 10 e R$ 85 e são bastante procurados pelos alunos. Muitos, inclusive, fazem encomendas e recebem os artigos em casa. 

Lídia afirma que alunos, que a veem apenas quando estão indo embora, reclamam por não terem acesso aos produtos no período matutino: "Não venho de manhã por medo da fiscalização. Já fiz o pedido de licença precária na administração, mas ainda não me concederam. No Guará, trabalho desta forma, a Agefis (órgão responsável por fiscalizar este tipo de estabelecimento) tem meu cadastro e posso trabalhar tranquila", conclui.