sexta-feira, 25 de março de 2011

Comerciante reconhece irregularidade, mas não quer legalização

Por Suélem Santos

Em frente à Universidade Paulista (UNIP), campus Brasília, é notável a quantidade de comerciantes irregulares no período letivo de aula. Estacionam carros grandes em cima das calçadas, montam tendas, mesas e tamboretes para proporcionar conforto aos seus clientes.

Estudantes reclamam pela falta de vagas no estacionamento, cerca de 2 ou 3 delas são ocupadas pelas lanchonetes fast food. À noite, a situação piora porque a fluxo de veículos é grande, dizem os estudantes.

Flávio* e Marina* são casados e trabalham no ramo há 6 anos. Chegam no ponto deles, diariamente, às 16h30 e só vão embora após às 23h. “É nesse horário que vendemos mais. Em tempo de chuva as vendas caem”, relatam.

O casal não pretende mudar de profissão. Vivem do lucro dos lanches. Antes das férias chegarem, guardam uma reserva para se manterem.
Doces, molhos e pães, são produzidos por eles em casa. Flávio já trabalhou em uma fábrica de doces, aprendeu a fazer bombons e afirma que os recheios de brigadeiro ou os que levam até morango têm mais saída.
“Não pagamos impostos. Conseguir um local regularizado dentro da universidade é muito difícil porque é por QI (quem indica). O aluguel custa cerca de R$ 3 mil por mês, sem contabilizar as outras despesas. É melhor ficar por aqui”, diz Marina.
Laércio Luiz (21), estudante de Design Gráfico, come quase todos os dias na barraquinha. “O dog daqui é sem comparação, supera até o da minha mãe”, garante ele.
Insatisfação
Dentro da faculdade, os comerciantes das lanchonetes não estão nem um pouco satisfeitos com a situação. Dona Ana Maria, de  62 anos, trabalha na UNIP há mais de 30 anos e afirma que o movimento de seu estabelecimento nunca esteve tão fraco e questiona a falta de higiene dos ambulantes, por não terem como lavar as mãos ou utilizarem banheiros.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a fiscalização passa todos os meses apreendendo equipamentos e comidas. Mas essa ação será reforçada.
A universidade informou não aceitar a presença dos ambulantes em frente aos portões, pois eles atrapalham a passagem dos estudantes. Entretanto, se estiverem do outro lado da rua, estão fora da sua alçada, e são tolerados desde que não vendam bebidas alcoólicas.   
*Nomes fictícios a pedido dos entrevistados.

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