sexta-feira, 8 de abril de 2011

Comércio ambulante: Negócio de Família

Por Maxuel Neris Cajé


O comércio ambulante em locais de grande movimento é algo comum nas grandes cidades e em Brasília não é diferente. Em frente a Universidade Paulista (UNIP), que fica no bairro Asa Sul, há uma verdadeira praça de alimentação com uma variedade de pratos e lanches que fazem sucesso entre os alunos que estudam à noite. Mas qual será o motivo que leva as pessoas a deixarem trabalhos fixos para viverem do comércio ambulante?

Para Eduárcio Almeida, funcionário de uma das bancas de lanches do local, o motivo vem do négocio herdado do pai, que trabalha no ramo desde antes da instalação da Instituição. A tradição da família no comércio informal já passou por duas gerações.

O vendedor e a mulher ja ensinaram aos filhos mais velhos como atender ao público e fazer os lanches. Todos participam diretamente do negócio, o que dispensa a contratação de funcionários e acaba sendo um atrativo na hora de montar o próprio negócio.

Eduárcio já trabalhou em padaria, serralheria, lojas de auto-peças e empresa de turismo, mas acabou optando pela venda de lanches para dar continuidade à empreitada do pai e transformá-la na fonte de renda da família.

"Trabalho aqui há 10 anos, o ponto era do meu pai então continuei instalado aqui. Agora ele (pai) tem o ponto dele em frente à Unieuro", revela. 

Segundo o ambulante da Unip, o negócio é rentável, sustenta os 10 filhos, e ajuda a pagar a faculdade de um deles, por isso está há tanto tempo na atividade.

Ele se associou ao sindicato do treilistas e obteve alvará, que foi concedido pelo Governo do Distrito Federal, para a montagem da barraca em local público. Estas são ações que Eduárcio afirma ter feito para poder ter a tranquilidade de um emprego regularizado, apesar de modesto.

Segundo o comerciante, a banca foi registrada sob a razão social "Tia Helena Lanches". Este fato permitiu contrato com empresas de cartão de débito para facilitar o pagamento das compras efetuadas pelos seus clientes. Com isso, há o aumento da lucratividade do négocio.

Entre riscos e lucros, ambulantes não tem endereço fixo

Por Aline Macêdo

O comércio ilegal de alimentos praticado por vendedores ambulantes e por "kombistas", como alguns são chamados, em frente a escolas e faculdades do DF, pode representar certo risco à saúde dos consumidores. 

Este problema pode ocorrer porque tais produtos são mal higienizados e nem sempre são bem preparados. No entanto, este comércio representa um dos principais pontos para alimentação de estudantes e trabalhadores que não se inibem na hora da compra.

Nas proximidades da Universidade Paulista de Brasília (UNIP) o cenário não é diferente. Lá também estão ambulantes ilegais. No estacionamento externo, contabilizam-se seis, dos quais quatro estão há mais de 4 anos no ponto.Chico e Poliane Silva são um casal que tem este tempo no local.

Eles trabalham com venda de bombons e hambúrguer e comentam sobre o exaustivo trabalho. Rotina, segundo eles, que começa cedo. A preparação de bombons e a compra de alimentos são feitas no período da manhã e avança até o fim da tarde, quando aprontam a barraca.

Apesar do trabalho constante, já que não possuem funcionários, o lucro é pequeno, segundo Chico. Sua renda mensal é de R$ 2 mil, podendo chegar a R$ 3 mil. Isso depende do mês, já que o fluxo de pessoas na faculdade define sua venda diária. Nas quartas e sextas-feiras, o movimento é menor, consequente, o lucro é menor.

Informalidade
Mesmo na ilegalidade, Poliane procura ajuda de orgãos especializados para receber orientações. O Sebrae é um dos principais. Preocupada com os direitos trabalhistas e aposentadoria, a comerciante costuma se manter atualizada sobre estas questões.

Já Paulo, que não quis dizer o sobrenome, é dono da barraca que fica ao lado da do casal. Este vendedor está no ramo há mais de 30 anos. Ele vende salgados e conhece bem as formas para se manter no comércio ilegal.

No caso dele, as únicas orientações vem dos meios de comunicação tradicionais. Paulo contou ainda que procura aprontar sua barraca após o expediente da Agefis,  que é Agência Fiscalizadora do Distro Federal, para não correr riscos.

Além da preocupação com a fiscalização, que chegou a tirar todos os vendedores do ponto localizado em frente à faculdade UDF, que fica há alguns poucos quilômetros dali, Paulo se preocupa em manter condições básicas de higiene. Ele e os três funcionários usam luvas e materiais descartáveis, porém estes são apenas um dos itens obrigatórios para a conservação e manuseio de alimentos. Já a ter 10 colaboradores no tempo da UDF.

A perda foi grande, mas ainda sim consegue manter um lucro mensal superior a R$ 10 mil.  Diariamente atende por volta de 200 pessoas antes das 20 horas. No horário de intervalo da faculdade o número dobra.

A vida do comércio ambulante ilegal é cheia de riscos, podendo eles perderem seus pertences caso sejam confiscados por órgãos de fiscalização, serem vítimas de roubo ou até mesmo serem ameaçados por moradores revoltados que vivem nas proximidades. No entanto, resistem e lutam contra estas situações para sobreviverem.

Os alunos agradecem. É o caso de Nathalia Cristina Silva, estudante da UNIP. "O tratamento fora da universidade é melhor, sem falar no preço, que é mais acessível", diz ela.                  

A Universidade não se manifesta sobre o caso.

Vendedora tira da barraquinha sustento para 10 filhos

Por Huanna Loiola Melo

É por volta das 17h30 que os ambulantes começam a montar suas barracas em frente à Universidade Paulista (UNIP), que fica na entrequadra 713/913 Sul. São carrinhos de cachorro-quente, crepes, churrasquinhos, entre outros. Por ser um ponto bem movimentado e bem lucrativo, ninguém pensa em sair.

É com o "apoio" dos estudantes que estão estão sempre presentes ali, comprando lanches, que os ambulantes chegam a faturar até R$ 400,00 por dia. A justificativa  é de que, fora da faculdade, existem mais opções de lanche e por um preço "mais em conta".

A barraca da Tia Helena, como é conhecida pelos estudantes, tem sempre o maior movimento. Chega a ser formada fila para a comprar dos produtos. Por estar no mesmo local, há mais de 12 anos, a ambulante diz que todos os alunos da faculdade já a conhecem e aprovam a qualidade dos seus lanches. Com 10 filhos para sustentar, ela diz agradecer muito aos alunos que confiam no seu trabalho, pois é dali que ela tira seu sustento e o de sua família.

Há uma certa indignação dos comerciantes estabelecidos no interior da instituição de ensino com a situação dos comerciantes postados do lado de fora. A alegação é que os ambulantes não pagam aluguel, impostos e carteira assinada de seus funcionáros.