sexta-feira, 8 de abril de 2011

Entre riscos e lucros, ambulantes não tem endereço fixo

Por Aline Macêdo

O comércio ilegal de alimentos praticado por vendedores ambulantes e por "kombistas", como alguns são chamados, em frente a escolas e faculdades do DF, pode representar certo risco à saúde dos consumidores. 

Este problema pode ocorrer porque tais produtos são mal higienizados e nem sempre são bem preparados. No entanto, este comércio representa um dos principais pontos para alimentação de estudantes e trabalhadores que não se inibem na hora da compra.

Nas proximidades da Universidade Paulista de Brasília (UNIP) o cenário não é diferente. Lá também estão ambulantes ilegais. No estacionamento externo, contabilizam-se seis, dos quais quatro estão há mais de 4 anos no ponto.Chico e Poliane Silva são um casal que tem este tempo no local.

Eles trabalham com venda de bombons e hambúrguer e comentam sobre o exaustivo trabalho. Rotina, segundo eles, que começa cedo. A preparação de bombons e a compra de alimentos são feitas no período da manhã e avança até o fim da tarde, quando aprontam a barraca.

Apesar do trabalho constante, já que não possuem funcionários, o lucro é pequeno, segundo Chico. Sua renda mensal é de R$ 2 mil, podendo chegar a R$ 3 mil. Isso depende do mês, já que o fluxo de pessoas na faculdade define sua venda diária. Nas quartas e sextas-feiras, o movimento é menor, consequente, o lucro é menor.

Informalidade
Mesmo na ilegalidade, Poliane procura ajuda de orgãos especializados para receber orientações. O Sebrae é um dos principais. Preocupada com os direitos trabalhistas e aposentadoria, a comerciante costuma se manter atualizada sobre estas questões.

Já Paulo, que não quis dizer o sobrenome, é dono da barraca que fica ao lado da do casal. Este vendedor está no ramo há mais de 30 anos. Ele vende salgados e conhece bem as formas para se manter no comércio ilegal.

No caso dele, as únicas orientações vem dos meios de comunicação tradicionais. Paulo contou ainda que procura aprontar sua barraca após o expediente da Agefis,  que é Agência Fiscalizadora do Distro Federal, para não correr riscos.

Além da preocupação com a fiscalização, que chegou a tirar todos os vendedores do ponto localizado em frente à faculdade UDF, que fica há alguns poucos quilômetros dali, Paulo se preocupa em manter condições básicas de higiene. Ele e os três funcionários usam luvas e materiais descartáveis, porém estes são apenas um dos itens obrigatórios para a conservação e manuseio de alimentos. Já a ter 10 colaboradores no tempo da UDF.

A perda foi grande, mas ainda sim consegue manter um lucro mensal superior a R$ 10 mil.  Diariamente atende por volta de 200 pessoas antes das 20 horas. No horário de intervalo da faculdade o número dobra.

A vida do comércio ambulante ilegal é cheia de riscos, podendo eles perderem seus pertences caso sejam confiscados por órgãos de fiscalização, serem vítimas de roubo ou até mesmo serem ameaçados por moradores revoltados que vivem nas proximidades. No entanto, resistem e lutam contra estas situações para sobreviverem.

Os alunos agradecem. É o caso de Nathalia Cristina Silva, estudante da UNIP. "O tratamento fora da universidade é melhor, sem falar no preço, que é mais acessível", diz ela.                  

A Universidade não se manifesta sobre o caso.

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